domingo, 27 de maio de 2012

O jogo que pode ser decisivo


Amanha segunda feira terá lugar o último ato o drama em doze episódios que tem por objetivo determinar quem vai ser o campeão mundial de xadrez durante os próximos meses -e que deixou o placar igualado após os primeiros onze capítulos-. No caso de empate, teremos desempates o dia 30, porém as possibilidades de uma definição nesta última partida pensada não podem se depreciar.
Tudo depende, claro, da estrategia que assuma cada um dos contendentes. Tanto o campeão mundial, Viswanathan Anand, quanto o desafiante, Boris Gelfand, têm boas experiencias com definições em jogos rápidos, pelo qual um empate na última partida da série de pensadas pode não ser uma preocupação especial para eles. Diferente aconteceu no ano 2010 na cidade de Sofia, quando chegaram a mesma instância -placar empatado em 5,5 pontos- o mesmo Anand, já campeão mundial, com o seu então desafiante Vesselin Topalov. O mestre búlgaro, que levava as brancas, prefiriu arriscar tudo nessa última rodada, não confiando nas suas chances no caso de eventuais jogos de desempate. Como resultado dessa decisão ele desenvolveu um jogo com caraterísticas suicidas e acabou perdendo.
Gelfand, opinam os comentaristas presentes em Moscou, deveria seguir diferente política, considerando o previamente dito: ele teve bons desempenhos nas definições deste tipo -por exemplo, no candidatura de Kazan-. E, detalhe importante, leva as pretas. Ainda assim, seu placar com Anand em jogos rápidos e blitz é claramente deficitário: o indiano leva a diantera com +8 =19 -1 nos jogos rápidos e +3 =4 -0 nos jogos blitz. Na oportunidade mais importante que eles se enfrentaram, o desempate pela Copa Mundial do ano 2000 na cidade de Shenyang (China) após quatro empates se decidiu mediante um jogo armaggedon, onde Anand acabou vencendo.
As estatísticas, se bem não dizem tudo e nem sempre importam, podem marcar para o jogo de amanha uma política de risco zero para o campeão mundial, que leva as brancas. Anand pode abrir com 1.e4 ou 1.d4, procurar uma posição de ligeira vantagem e ver se ela alcança para jogar mantendo a pressão e sem correr riscos. Nesse caso o jogo provavelmente terá destino de empate entre 20 e 30 lances, e os desempates uma realidad.
Menos possível, mas dentro das provabilidades, é que o mestre indiano jogue uma linha de ponta (digamos, a 1.d4 Cf6 2.c4 g6 3.f3!? anti-Grünfeld que lhe outorgara a vitória no jogo 8) e arrisque algo mais tendo em conta a importancia esportiva da luta.
Dadas as duas possibilidades, e sendo a primeira a mais provável, vale a pena mencionar que os desempates do dia 30 estão previstos para se desenvolver da seguinte forma:
* Quatro jogos rápidos, com cada mestre contando com 25 minutos no relógio e 10 segundos de acréscimo para cada lance feito. Pausa de dez minutos entre a realização de cada jogo.
* No caso de empate, se realizarán mais dois jogos blitz, com cada mestre contando com 5 minutos no relógio mais 3 segundos de acréscimo para cada lance feito. De persistir o empate, se realiza uma nova série de dois jogos blitz, até um máximo de cinco séries (dez jogos blitz em total).
* Se ainda assim não há um vencedor, tudo se define mediante um jogo de morte súbita (armaggedon). Se realiza um sorteio; o vencedor do mesmo escolhe com que cor vai jogar a partida. O jogador das peças brancas vai contar com 5 minutos no relógio, o das peças pretas com 4 minutos. Após o lance 60, cada mestre conta com um acréscimo de 3 segundos por lance. Em caso de empate, o condutor das pretas é declarado vencedor do match. 

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