Mais duas partidas se realizaram desde o balanço prévio -e outros tantos empates- prém a situação mudou ligeiramente. Em primeiro lugar, o match se fez mais interessante, por culpa ou graça da terceira partida, até aqui a mais complexa e original de todas. Em segundo lugar, porque diferente das duas primeiras partidas, onde o desafiante obteve uma ligeira iniciativa, nos terceiro e quarto jogos quem impressionou melhor foi o campeão mundial.
Anand esteve perto de obter uma vantagem clara na terceira partida, após uma imprecisão de Gelfand -certo: antes disso, o mestre israelí tinha enfrentado de forma valente uma aguda linha anti-Grünfeld e equilibrado-, porém no momento crítico permitiu o contrajogo igualatório preto. E no quarto jogo, apesar de certa iniciativa de abertura das brancas, o mestre indiano obteve um empate relativa,mente cômodo apelando pela segunda vez no match ao esquema que mistura temas da Eslava Chebanenko com a Semieslava.
Considerando a diferente forma de chegar à divisão do ponto, é evidente que na teoria o campeão mundial está mais perto de ganhar a iniciativa no match -está propondo mais problemas para que o adversário resolva quando leva as brancas-, e a tal efeito o jogo de amanha pode ser crítico. Se bem que Anand abre tanto com 1.e4 quanto com 1.d4, para este match parece ter escolhido a segunda opção em forma exclusiva -se bem que o grande mestre Rublevsky apostou que ao menos um dos jogos vai ter o peão rei mexido no primeiro lance-, enquanto Gelfand, em vez das suas habituais semieslavas -mais ortodoxas que as utilizadas nesta oportunidade pelo Tigre de Madras- pode insistir com a Grünfeld, que parece ter muito bem preparada e é uma especialidade nacional -o principal livro sobre a defesa é obra de autor israelí e entre os segundos de Boris aparece Huzman, um velho conhecedor desta defesa-. Neste caso, resta por ver se Anand insiste com o esquema 3.f3 -que deixou ele com posição promissória no terceiro jogo- ou escolhe algúm sistema principal entre os que a teoría considera podem por problemas às pretas (por exemplo, os baseados no lance Be3, que são geralmente a escolha de Anand; aqui ele não os tem empregado presumivelmente fugindo da preparação do desafiante).
E por último: uma coisa é pegar a iniciativa no match, colocando mais problemas ao adversário, e outra muito difícil concretizar essa iniciativa e converti-la no ponto. Até agora, o match se apresenta aberto, duro e muito equilibrado, com cada um dos mestres impressionando melhor no espaço de duas partidas (Gelfand na 1a. e 2a.; Anand na 3a. e 4a.).
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