sábado, 26 de maio de 2012

A falta de um jogo, o match segue empatado


A 11a partida do match entre Anand e Gelfand adicionou mais meio ponto a cada protagonista, após uma interessante porém curta luta. Desse jeito, o encontro permanece igualado (5,5 x 5,5) e a última oportunidade, nesta fase de jogos clássicos, para desequilibra-lo vai ter lugar na próxima segunda feira, com o campeão mundial levando as brancas.
Na partida de hoje, Anand manteve a Nimzoindia como a sua defesa contra o peão dama de Gelfand, porém modificou o sistema trocando a variante Karpov empregada no jogo 9 por uma velha ideia de Bronstein (8...Bd7) que evidentemente caiu fora da preparação do desafiante (que empregou 35 minutos para realizar o seu seguinte lance). Ainda assim Gelfand manteve a tradicional iniciativa das brancas e, a falta de tempo para profundizar possíveis linhas procurando vantagem simplificou a posição, política que finalmente levou ao empate. Como aconteceu em outros jogos, o mais interessante dele permaneceu oculto aos amadores; nesta oportunidade ideias como 16.a4 (sinalada por Gelfand após o jogo) ou 17.Cd2 merecem séria atenção, e deveriam levar a um jogo algo melhor para as brancas.



Gelfand,Boris (2727) - Anand,Viswanathan (2791)

WCh 2012 Moscow RUS (11), 26.05.2012


[Comentários resumidos dos feitos pelo MI Luis Rodi para a edição 834 de Xadrez Diário]

1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cc3

É provável que se 3.Cf3 a resposta seja 3...d5 No entanto, após o lance feito por Gelfand, na elite são menos proclives á jogar 3...d5. O motivo? A terrível variante das trocas com a possibilidade Cge2. Dai a resposta de Anand

3...Bb4 4.e3

A variante Rubinstein é uma boa escolha, considerando que no jogo 9 o desafiante obteve vantagem com ela. É evidente que Anand tem preparada alguma modificação...

4...0–0 5.Bd3 d5 6.Cf3 c5 7.0–0 dxc4 8.Bxc4 Bd7!?


E aqui está ela. Com este lance raramente jogado -criação, nos anos cinquenta, de David Bronstein; empregada posteriormente por Taimanov e Korchnoi-, Anand se afasta do curso da nona partida, quando 8...cxd4 9.exd4 b6 -a variante Karpov- foi empregada sem muito sucesso para ele 

9.a3 Ba5 10.De2 Bc6 11.Td1 Bxc3

Nesta ordem concreta, a troca é uma novidade. O antecedente 11...Cbd7 é mencionado no livro de Carsten Hansen sobre a variante Rubinstein, com a continuação 12.d5 exd5 13.Cxd5 Cb6 14.Cxb6 Dxb6 15.Ce5 Ba4 16.Td3 Dc7 17.b3 Bxb3 18.Txb3 Dxe5 19.Bb2 com compensação, Szabo - Kholmov, Leningrado 1967. No entanto, nesta linha Yusupov oferece 12.Bd2 indicando que as brancas têm uma ligeira vantagem; 11...De7 (Donner - Kholmov, La Habana 1965) é outra possibilidade

12.bxc3 Cbd7 13.Bd3 Da5 14.c4!? cxd4 15.exd4 Dh5


Visando uma posição sem damas. As fraquezas estruturais -como os peões colgantes e o isolado na coluna a- são mais evidentes a medida que nos acercamos ao final. Claro que as brancas -com par de bispos e mais espaço- têm também seus elementos favoráveis, pelo qual a posição deve se considerar incluso como algo melhor para elas -a tradicional iniciativa que se fes costume neste match-

16.Bf4 Tac8 17.Ce5

Com muito menos tempo no relógio, a simplificação para chegar a uma posição menos complexa é uma decisão razoável. 17.Cd2! era a principal opção, mais batalhadora

17...Dxe2 18.Bxe2 Cxe5 19.Bxe5 Tfd8

O par de bispos determina certa vantagem para o primeiro lado -como em situações semelhantes, esse elemento pesa mais que as fraquezas estruturais-, porém a posição preta é sólida e não parece fácil progredir

20.a4 Ce4 21.Td3 f6 22.Bf4 Be8!

Com adequada pressão sobre os peões colgantes, Anand obteve finalmente um equilíbrio claro

23.Tb3 Txd4 24.Be3 Td7


Com equilíbrio absoluto. 25.Bxa7 se responde com 25...Cc5 26.Tb2 Cd3 27.Bxd3 Txd3 28.Txb7 Bxa4 com evidente igualdade ½–½

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