quinta-feira, 17 de maio de 2012

Novo empate entre Anand e Gelfand

Eugeny Sveshnikov (dir) visitou a sala de jogo no dia que os mestres empregaram a sua variante na Siciliana (foto chess-news.ru)
Para a quinta partida do match pelo título mundial que se celebra na cidade de Moscou, o campeão mundial decidiu mudar de abertura e abrir o jogo com sua antiga favorita, 1.e4 (se percebe que ainda não achou uma continuação prometedora nas variantes críticas da Grünfeld ou nas anti-Grünfeld), porém o resultado dessa estrategia não mudou: o desafiante equilibrou de forma cômoda utilizando uma Siciliana Sveshnikov (por coincidencia, o grande mestre Eugeny Sveshnikov visitou este dia o local de jogo, ver foto acima).
A variante siciliana empregada por Gelfand tem uma interessante história trás; na primeira parte do século XX foi utilizada por Lasker de forma esporádica, e logo por o mestre Jiri Pelikán, radicado na Argentina -que utilizava a linha com ...Be6, quase sem realizar o avanço ...b5-, mas foi Sveshnikov nos anos setenta quem a popularizou e fundamentalmente quem disenhou as linhas centrais estratégicas que demonstravam que as pretas tinham compensação dinámica pelas fraquezas criadas no centro (outros mestres russos como Timoshenko tiveram um papel importante também na difusão das ideias desta linha).
Nos anos oitenta e parte dos noventa era considerada uma das variantes mais agudas de todo o cenário enxadrístico, e teve a sua época de ouro na elite: práticamente todos os grandes mestres de primeiro nível a utilizavam. No entanto, a grande exploração teórica da linha e as resultantes da suas posições críticas (que derivam na maioria dos casos em finais de peças pesadas e bispos de cor diferente) fizeram que no nosso século seja considerada uma linha sólida onde o empate é o resultado mais provável (uma reputação quase semelhante à da Petrov), sendo por isso que na elite foi paulatinamente abandonada na hora de jogar a ganhar de pretas, escolhendo no seu lugar a Najdorf.
As políticas estratégicas no caso de match são diferentes, e um empate levando as pretas se considera bom resultado; por isso hoje Gelfand apelou esta variante, de cara ao meio ponto. O desafiante, cabe destacar, obteve ele sem maiores complicações. Como em casos prévios, Anand não escolheu a linha mais complexa, se decidindo por uma variante posicional de moda (11.c4), e apesar de introduzir uma novidade teórica não obteve mais que uma ligeira iniciativa, insuficiente para lutar pela vitória. Um cenário que se repite neste encontro...


Anand,Viswanathan (2799) - Gelfand,Boris (2739)

Moscou (Wch/5), 17.05.2012

1.e4 c5 2.Cf3 Cc6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 e5 6.Cdb5 d6 7.Bg5 a6 8.Ca3 b5 9.Cd5 Be7 10.Bxf6 Bxf6 11.c4 b4 12.Cc2 0–0 13.g3 a5 14.Bg2 Bg5 15.0–0 Be6 16.Dd3 Bxd5 17.cxd5 Cb8 18.a3 Ca6 19.axb4 Cxb4 20.Cxb4 axb4 21.h4 Bh6 22.Bh3 Db6


O momento crítico. Alguns comentaristas, como Anton Korobov, opinam que as brancas podiam procurar a iniciative mediante 23.Dc4, porém outros, como o treinador histórico de Gelfand, Albert Kapengut, pensam que ainda assim as pretas não têm problemas nesta estrutura

23.Bd7 b3 24.Bc6 Ta2 25.Txa2 bxa2 26.Da3 Tb8 27.Dxa2 ½–½

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