Richard Reti (foto), além de ser um notável enxadrista posicionado entre os melhores do mundo, surpreendeu ao mundo com os seus extraordinários finais artísticos, muitos deles carregados com uma fina ironia e envolvendo soluções não convencionais. A seguinte paradoxa é talvez o mais famoso deles:
Reti, 1921 - Jogam as brancas e empatam
Quem não conhece este bonito exemplo! 1.Rg7 h4 2.Rf6 Rb6 (2...h3 3.Re7 h2 4.c7=) 3.Re5 Rxc6 (3...h3 4.Rd6=) 4.Rf4 h3 5.Rg3 empate! Com a ameaça de sustentar o avanço do seu próprio peão, as brancas foram avançando no tabuleiro até ingressar no quadrado do peão adversário.
A manobra do rei em zig-zag que permite chegar a tempo para evitar a catastrofe foi denominada logo como motivo Reti no mundo dos finais artísticos, e teve muitos seguidores, como se pode observar nos seguintes dois exemplos:
Goldberg (1932) - Jogam as brancas e empatam
1.h4 Rf6 2.h5 Rg5 3.Rg7! Rh5 4.Rf6 a5 5.Re5 = Este tipo de manobra é usual na prática (por exemplo, foi aplicada por Lasker numa famosa partida contra Tarrasch).
O último dos nossos exemplos de motivo Reti é talvez o mais simples...
Pogosjanz (1976) - Jogam as brancas e empatam
1.Rb5 h5 2.Rc6 Rc8 3.Rd5=
... porém considerando os seguintes problemas é uma boa introdução.
Anti-Reti
Assim como existe bem e mal, heróis e malvados, o motivo Reti tem a sua contrafigura no denominado motivo anti-Reti, onde a manobra criada pelo genial mestre fracassa!
Pogosjanz (1976) - As brancas jogam e ganham
1.g5! (1.gxh5 c2 2.Rb2 c1D 3.Rxc1 Rxh3 4.h6 Rg2 5.h7 h3 6.h8D h2=) 1...Rf4 2.g6 Re3 (o rei preto não alcança ao peão livre branco mas aspira a sustentar o avanço do seu próprio peão) 3.g7 c2 4.g8D c1D 5.Dg5+ e as brancas ganham.
Agora sim, o problema da semana
Ernest Pogosjanz (1935-1990) é também o protagonista do seguinte final, que é o nosso problema da semana. A solução vai ser apresentada na próxima terça 20 de março.
Pogosjanz (1984) - As brancas jogam e ganham
A solução, claro, envolve uma manobra anti-Reti
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