Cumprida a primeira metade dos jogos estabelecidos, o desafiante Magnus Carlsen tem uma vantagem amplia no placar, que o deixa perto do título mundial, sobretudo pelo efeito demolidor que parecem ter as duas vitórias consecutivas obtidas nas partidas 5 e 6.
As duas derrotas do campeão seguiram um mesmo cronograma: um meio jogo complexo, porém equilibrado, manobras demasiado originais, o ingresso a um final difícil porém defensável, a entrega de um peão tentando contrajogo, imprecisões na defesa e posterior queda.
Pode-se dizer que Anand está perdendo pelos seus próprios pecados, porém isso seria somente uma parte da verdade: a outra, também importante, é que Carlsen não somente está jogando o match livre de erros graves, mas também pressiona de forma sutil nas posições onde o equilíbrio pode ser quebrado.
Em certa forma, como o jornal indiano The Indian Express reconhece na sua última edição (16.11.2013), é o inicio de uma nova era no xadrez, e não pela diferencia de idades (que mestres como Nakamura consideram decisiva), mas sim pelo procedimento: a importância da preparação nas aberturas fica relegada e o estudo concreto das possibilidades nas seguintes fases começa ser o fator predominante.
Em qualquer caso, a frase elaborada pelo ex-campeão mundial Garri Kasparov dias trás («temos um match onde um dos mestres joga sem aberturas e o outro sem final») ganha uma dimensão certa, com o adicional que jogar sem final parece ser bem mais fatal que jogar sem abertura.
No entanto, os conhecimentos do final de Anand não são inferiores aos de qualquer outro dos mestres da elite, e o belo exagero de Kasparov se acha bem limitado dentro do nível magistral mais alto. Pode, simplesmente, que Nakamura e outros novos valores tenham parte de razão e que o cansaço tome conta em determinada hora do campeão; pode ser uma má racha -todos têm dias ruins- e também pode acontecer que simplesmente seja a hora de Carlsen e que todos os fatores previamente citados se potenciem nesta fase da suas vidas.
A situação é semelhante desde o ponto de vista psicológico à acontecida no match entre Lasker e Capablanca, quando o então campeão abandonou o encontro antes do final. Se neste ponto Anand não acredita nas suas próprias forças, o match está acabado.
O campeão tem hoje, quando leve as peças brancas na sétima partida, a difícil tarefa de se recuperar. A margem de erro vai ficando muito pequena.
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