Há pessoas que são fundamentais
na engrenagem de toda grande empresa humana, e no marco de xadrez brasileiro o
árbitro internacional Antônio Bento (foto) é uma delas, transcendendo seu nível como
professional –e um dos poucos árbitros no continente que mereceu a categoria A
da FIDE- para demonstrar uma e outra vez a sua capacidade técnica e humana até
nos campos onde não é obrigatório o conhecimento que ele exibe. Bento é um dos
poucos árbitros que conheço que ainda tenta melhorar seu conhecimento do jogo
para poder se situar na pele dos enxadristas na hora de tomar uma decisão, e
talvez o único que antes da FIDE modificar alguma regra consulta com os
enxadristas o parecer para formar uma opinião acerca de como repercutirá na
prática tal ou qual mudança nos artigos.
A sua capacidade de trabalho é
enorme; por isso não me surpreendi quando pude ler o relatório que, no seu
caráter de Vice Presidente Técnico da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX)
realizou e que a instituição publica no seu site.
http://www.cbx.org.br/files/downloads/Relat%C3%B3rio%20VPT%202012.pdf
Não vou reproduzir ele aqui,
propositadamente (porque vale a pena que o leitor acesse o link e leia com
atenção o trabalho), porém sim desejo fazer menção a algumas resultantes do
trabalho publicado:
·
É evidente nos últimos anos um crescimento
notável na quantidade de torneios, cursos e seminários de arbitragem. Em parte
reflexa a maior democratização da FIDE, que facilitou as regulações com relação
ao cômputo do rating elo, porém também, e isso é evidente, a popularidade que o
xadrez competitivo ganhou no Brasil, concedendo –ao existir mais torneios-
maiores oportunidades aos que desejam progredir no conhecimento do antigo jogo.
·
Um credo comum tem a ver com a suposta
realização de mais torneios válidos para o elo FIDE durante o segundo semestre do
ano. Obviamente isto tinha razão de ser, porém no ano 2012 a tendência se
reverteu e aconteceu que a maioria dos torneios foram realizados no primeiro
semestre: 152 contra 91 (a título comparativo, foram 80 e 104 no 2011 e 68 e 73
no 2010).
·
Na distribuição geográfica dos torneios, cabe
destacar a forte presencia do Nordeste. Somente contabilizando abertos do
Brasil, seis foram realizados nessa região, sobre os 14 totais. O Nordeste e o
Sudeste são as zonas geográficas com maior quantidade de provas no território
nacional.
·
Quase 17,000 enxadristas participam ativamente
das competências no Brasil, sendo que mais de 6400 tem ID FIDE e deles quase
3000 já aparecem no listado. Agora a CBX têm mais de 41.000 enxadristas com ID
CBX e claro, muitas mais pessoas praticam o jogo de forma não federada.
Estes e outros dados que surgem
do relatório são fundamentais para definir o trabalho a futuro do xadrez
brasileiro: onde focalizar o trabalho, que fortalecer, que exemplos podem se
tornar em modelos de desenvolvimento.
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