Justo na metade do match, a
primeira grande crise se desata no campo do desafiante, que sofreu uma dura
derrota na sexta partida: pelo resultado em se e por ter perdido um lance que
teria volcado a sorte da partida no seu favor.
O dia livre parece magro demais
para se recuperar nos dois aspectos –anímico e esportivo- considerando ademais
que o campeão vai repetir brancas –para minimizar os efeitos de jogar com as
peças pretas depois de um dia livre, a metade do duelo se modifica a sequência
de cores-.
A recuperação anímica é difícil,
ainda em casos de enxadristas com tanta experiência e fortaleza anímica como
Anand. É que o erro por ele cometido é ainda mais difícil de explicar que o prévio
de Carlsen. O do mestre norueguês pode ter surgido de subestimar os recursos
adversários em uma posição que parecia de vantagem muito cômoda, na qual
somente dois resultados eram possíveis. Sobretudo porque a luta, maiormente
estratégica, não parecia apresentar temas táticos. Mas quando Carlsen cometeu o
erro 26.Rd2 colocando seu rei em uma casa desafortunada –o campeão imediatamente
percebeu a magnitude do problema-, Anand não somente não considerou a réplica
correta -26...Ce5, uma tática relativamente simples- tanto como perdeu a única
possibilidade ativa da partida por jogar muito rápido –empregou apenas um
minuto para seu lance 26...a4-, uma situação mais de capivara que de grande
mestre. A sua posterior descoberta da chance perdida fiz que uma posição
inferior, mas possível de ser defendida, se transforme rapidamente em ruinas.
Se a parte psicológica não é
fácil de remontar, a esportiva apresenta outros problemas, relacionados a como
responder a abertura de peão rei do campeão. Anand mudou de defesa na quarta partida,
sem repetir a Ruy Lopez Berlinense da segunda onde tinha sofrido uma derrota
para evitar lembranças ruins. Será o momento de mudar novamente –talvez regressando
à Ruy Lopez-, procurando uma partida sólida, de cara ao empate, para tentar uma
recuperação nas partidas de brancas? Ou o laboratório do desafiante vai achar
novas trilhas em alguma das várias Sicilianas? O primeiro cenário parece mais
provável.
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