domingo, 16 de novembro de 2014

O momento mais difícil para Anand


Justo na metade do match, a primeira grande crise se desata no campo do desafiante, que sofreu uma dura derrota na sexta partida: pelo resultado em se e por ter perdido um lance que teria volcado a sorte da partida no seu favor.
O dia livre parece magro demais para se recuperar nos dois aspectos –anímico e esportivo- considerando ademais que o campeão vai repetir brancas –para minimizar os efeitos de jogar com as peças pretas depois de um dia livre, a metade do duelo se modifica a sequência de cores-.
A recuperação anímica é difícil, ainda em casos de enxadristas com tanta experiência e fortaleza anímica como Anand. É que o erro por ele cometido é ainda mais difícil de explicar que o prévio de Carlsen. O do mestre norueguês pode ter surgido de subestimar os recursos adversários em uma posição que parecia de vantagem muito cômoda, na qual somente dois resultados eram possíveis. Sobretudo porque a luta, maiormente estratégica, não parecia apresentar temas táticos. Mas quando Carlsen cometeu o erro 26.Rd2 colocando seu rei em uma casa desafortunada –o campeão imediatamente percebeu a magnitude do problema-, Anand não somente não considerou a réplica correta -26...Ce5, uma tática relativamente simples- tanto como perdeu a única possibilidade ativa da partida por jogar muito rápido –empregou apenas um minuto para seu lance 26...a4-, uma situação mais de capivara que de grande mestre. A sua posterior descoberta da chance perdida fiz que uma posição inferior, mas possível de ser defendida, se transforme rapidamente em ruinas.

Se a parte psicológica não é fácil de remontar, a esportiva apresenta outros problemas, relacionados a como responder a abertura de peão rei do campeão. Anand mudou de defesa na quarta partida, sem repetir a Ruy Lopez Berlinense da segunda onde tinha sofrido uma derrota para evitar lembranças ruins. Será o momento de mudar novamente –talvez regressando à Ruy Lopez-, procurando uma partida sólida, de cara ao empate, para tentar uma recuperação nas partidas de brancas? Ou o laboratório do desafiante vai achar novas trilhas em alguma das várias Sicilianas? O primeiro cenário parece mais provável.

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