Desde as 15.00 horas está em jogo a sexta rodada do Mundial Escolar de categorias, que se realiza na cidade mineira de Juiz de Fora. Os favoritos começam a se perfilar.
Mesa 1 na categoria sub 9 absoluta: Robert Akeya-Prince (Inglaterra, de brancas) e Javokhir Sindarov (Cazaquistão). Ambos os enxadristas são os líderes isolados da prova
Mesa 2 na categoria sub 9 absoluta: Isik Can (Turquia) leva as brancas ante David Lopez Ramirez (Colômbia)
A mesa 1 na categoria sub 13 absoluta, com o duelo entre Michael Owen (Indonésia, de brancas) e Gonzalo Quirhuayo (Perú). O asiático lidera com 5 unidades, seguido a meio ponto pelo sul-americano
Sub 13 absoluta, mesa 2: George Ileana (Romênia) de brancas ante João Vitor Dalanhol (Brasil)
Gianluca Jorio Almeida, na mesa 6 da categoria sub 13 absoluta. O representante brasileiro leva 4 pontos sobre 5 possíveis
Mestre internacional Joshua Ruiz (Colômbia), líder isolado na categoria sub 17 absoluta com 100% de aproveitamento (5/5)
Vista geral da sala de jogo, desde o setor das categorias femininas
Este Blog tem como objetivo democratizar a informação. Seus posts tem material técnico de xadrez. Para poder assinar o jornal entre http://www.jornaldiarioxadrez.blogspot.com/ em ou www.xadrezdiario.com nossos dois sites institucionais ou envie email para xadrezdiario@gmail.com
domingo, 30 de novembro de 2014
sábado, 29 de novembro de 2014
Rodada 4 no Mundial Escolar
Hoje é rodada dupla no Mundial escolar que se realiza em Juiz de Fora, e a prova alcança o equador. Os primeiros favoritos aparecem e as lutas no tabuleiro se fazem mais duras. As fotografias de hoje:
Mesa 1 na categoria sub 17 absoluta: Arystanbek Urasayev (Cazaquistão), de brancas ante o mestre internacional Joshua Ruiz (Colômbia), que é o primeiro pré-classificado do torneio
Sub 17 absoluto, mesa 2: Christian Barros Rivadeneira (Equador) com as peças brancas ante Yoseph Theolifus Taher (Indonésia)
Sub 17 absoluto, mesa 4: Sulivan da Matta (Brasil) de brancas ante Jhoan Sebastian Olarte Parra (Colômbia)
A mesa 1 na categoria sub 17 feminina: Ioanna Cirlig (Romênia) leva as peças brancas ante a primeira pré-classificada do torneio, a grande mestre feminina Aulia Medina Warda (Indonésia)
A mesa 1 na categoria sub 15 absoluta enfrenta aos até agora líderes da prova: Gabriel Kimelman (Uruguai) de brancas ante Cristian Estrada Lavin (Chile)
Categoria sub 15 absoluta: mesa 2, Novendra Priasmoro (Indonésia) de brancas ante Callum Brewer (Inglaterra)
A mesa 1 na categoria sub 15 feminina, com Ana Caroline Costa (Brasil) de brancas ante Lauren Weaver (Inglaterra)
Faruq Afifa Ayyun (Indonésia), na mesa 2 da sub 15 feminina
Sub 15 feminino, mesa 3: Alessandra de Franca (Brasil) com brancas ante Ximena Baca Olazával (Perú)
Na mesa 4 do sub 15 feminino se enfrentam as brasileiras Flavia Do Santo e Adriana Bonvini
A mesa 1 da categoria sub 13 feminina, com o duelo entre Aleyla Hilario (Perú, levando as peças brancas) e Leticia Miho Sato (Brasil)
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Juiz de Fora: rodada 3 em marcha
Instantes trás começou a rodada 3 do Campeonato Mundial Escolar (categorias absoluta e feminina desde sub7 até sub17), na cidade mineira de Juiz de Fora. Algumas impressões gráficas da rodada citada, a continuação:
Sub 7 absoluto, mesa 1: Islombek Sindarov (Uzbequistão), de brancas ante Alim Tuguzbay (Cazaquistão)
Sub 7 feminino. mesa 1: Fiorella Contreras (Perú) leva as brancas ante Ehsa Mishela Pallie (Sri Lanka)
Sub 7 feminino. mesa 2: I. Gunawardena (Sri Lanka) com peças brancas ante Batsaikhan Enkhsaran (Mongólia)
Sub 7 feminino. mesa 5: Ana Becker e Maria Grigirisque (ambas as enxadristas de Brasil)
Sub 11 feminino, mesa 17: Brenda Leite e Camilly Xavier (representantes de Brasil)
Sub 11 feminino, mesa 9: Mariana Paradellas (Brasil), com brancas ante V. Nanditha (Índia)
Sub 11 feminino: Ahlam Makhlouf, representando a Marrocos na mesa 4
A mesa 1 do torneio sub17 feminino: Aulia Medina Warda (Indonésia) de brancas ante Rebeca Lot Shucman (Brasil)
Sub 7 absoluto, mesa 1: Islombek Sindarov (Uzbequistão), de brancas ante Alim Tuguzbay (Cazaquistão)
Sub 7 feminino. mesa 1: Fiorella Contreras (Perú) leva as brancas ante Ehsa Mishela Pallie (Sri Lanka)
Sub 7 feminino. mesa 2: I. Gunawardena (Sri Lanka) com peças brancas ante Batsaikhan Enkhsaran (Mongólia)
Sub 7 feminino. mesa 5: Ana Becker e Maria Grigirisque (ambas as enxadristas de Brasil)
Sub 11 feminino, mesa 17: Brenda Leite e Camilly Xavier (representantes de Brasil)
Sub 11 feminino, mesa 9: Mariana Paradellas (Brasil), com brancas ante V. Nanditha (Índia)
Sub 11 feminino: Ahlam Makhlouf, representando a Marrocos na mesa 4
A mesa 1 do torneio sub17 feminino: Aulia Medina Warda (Indonésia) de brancas ante Rebeca Lot Shucman (Brasil)
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Mundial escolar em Juiz de Fora
A cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, é sede do Campeonato Mundial escolar de Xadrez, que nas categorias absoluta e feminina se realiza abarcando desde as idades sub 7 até a sub 17. São aproximadamente quinhentas crianças de todo o mundo representando suas escolas.
Uma vista geral da prova (amanha mais detalhes):
A sala de jogo, com a categoria sub13 absoluta no primeiro plano e o AI Pedro Caetano em pleno trabalho
Outra vista da sala de jogo
Protagonistas na categoria sub 7
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Carlsen - Anand: a cerimonia de premiação
Faz uns instantes foi realizada a cerimonia de premiação do match pelo campeonato mundial de xadrez disputado em Sochi (Rússia) entre o titular Magnus Carlsen e o seu desafiante Viswanathan Anand. A cerimonia contou com a presencia do presidente de Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da FIDE, Kirsan Ilyumzhinov. Cada enxadrista recebeu uma medalha de prata (a do vencedor, com banho de ouro), e Carlsen teve ademais um bonito troféu e a tradicional coroa de louros.
Fabiano Caruana, em interessante entrevista
O grande mestre Fabiano Caruana, um dos mais talentosos e novos integrantes da elite enxadrística, concedeu uma entrevista ao site chess24 onde opina sobre o desenvolvimento do match entre Magnus Carlsen e Viswanathan Anand, o ciclo do campeonato mundial, as possibilidades de vencer Carlsen e mais. A entrevista pode-se ver no seguinte link, em idioma inglês:
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
A modo de balanço
A recuperação do título de
campeão mundial é um negócio para poucos. Somente Alexander Alekhine e Mikhail
Botvinnik (este último duas vezes!) recuperaram o título em enfrentamentos
diretos. O primeiro vencendo a sua própria vontade; o segundo exibindo uma
determinação de ferro quando poucos apostavam na sua vitória contra adversários
mais novos. Grandes enxadristas como Wilhelm Steinitz ou Anatoly Karpov não o
lograram, como também não o logrou Viswanathan Anand neste match revanche contra
o prodígio norueguês Magnus Carlsen. A diferencia de idade, a motivação e o
estado são responsáveis gerais do resultado. Ao menos, aplicável a este duelo
que acaba de finalizar em Sochi.
Por que vai ser lembrado este
match? Primeiro, por ser o duelo que consolidou o reinado de Magnus Carlsen, um
campeão pragmático de excelente jogo posicional. O norueguês tem agora quase dois
anos de calma antes de volver a expor seu título, em novembro de 2016 ante o
adversário que surja do torneio Candidatura a se realizar em março desse ano.
Segundo, por ter sido a despedida
de um gladiador do tabuleiro em competições pelo título mundial. O que não
implica que Viswanathan Anand se despida do xadrez de alto nível. Não isso, mas
sim parece difícil que ganhe mais uma oportunidade para enfrentar a Carlsen: já
a sua vitória no Candidatura 2014 foi uma surpresa.
Além disso, outros destaques do
duelo que acaba de finalizar são: a soneca de Carlsen na partida 8 (alguns
acharam muito deselegante da sua parte; seria interessante conhecer hoje a
opinião de Anand ao respeito); o incrível duplo erro na partida 6, que pode ter
modificado a sorte do match; a fortaleza erigida por Anand no final de torre e
dois peões contra cavalo e quatro peões na partida 7; a excelente preparação
teórica mostrada pelos protagonistas em algumas partidas (Anand no Gambito de
Dama Declinado, variante Blackburne, na 3; Carlsen, na mesma variante, na 8,
são exemplos); a atmosfera tranquila do duelo –menos público e menos imprensa
que no anterior duelo de Chennai-; a boa transmissão ao vivo com os comentários
de Peter Svidler, Sopiko Guramishvili e convidados como Vladimir Kramnik e Ian
Nepomniachtchi (na parte inglesa da transmissão; o duelo também foi comentado
em idioma russo); por último, a consolidação do esquema de campeonato mundial
da FIDE, que depois de tentativas as vezes bizarras voltou ao sistema mais
razoável.
domingo, 23 de novembro de 2014
Carlsen manteve o título após vencer a 11a partida
O campeão mundial Magnus Carlsen reteve o título após vencer ao desafiante Viswanathan Anand na undécima partida do match realizado em Sochi, alcançando assim uma vantagem decisiva (6½-4½).
A partida começou no familiar sendeiro da Ruy Lopez Berlinense, variando o desafiante com relação aos jogos prévios no lance 9...Bd7. Mostrando um jogo mais dinâmico (15...g5!; 16...b5!) que nas anteriores experiencias com as peças pretas, Anand obteve uma posição interessante, porém no momento crítico começou a jogar de forma duvidosa (por exemplo, depois da entrega de qualidade, ele devia tomar em b4 com o peão a), o que foi explorado pelo norueguês com a sua reconhecida técnica (36.Txc7+! foi um bonito detalhe).
O resultado global do match é justo considerando o mostrado por ambos os protagonistas. Anand ofereceu uma resistência muito superior à feita no match prévio em Chennai, mas ainda faltou alguma postura mais agressiva na escolha das aberturas. Carlsen, sem jogar brilhante, teve a técnica necessária e o timing para controlar o duelo. Agora deve expor seu título somente no 2016.
Carlsen,Magnus
(2863) - Anand,Viswanathan (2792)
WCh 2014 Sochi RUS (11),
23.11.2014
1.e4 e5
2.Cf3 Cc6 3.Bb5 Cf6 4.0–0 Cxe4 5.d4 Cd6 6.Bxc6 dxc6 7.dxe5 Cf5 8.Dxd8+ Rxd8
9.h3 Bd7 10.Cc3 h6 11.b3 Rc8 12.Bb2 c5 13.Tad1 b6 14.Tfe1 Be6 15.Cd5 g5 16.c4
Rb7 17.Rh2 a5 18.a4 Ce7 19.g4 Cg6 20.Rg3 Be7 21.Cd2 Thd8 22.Ce4 Bf8 23.Cef6 b5
24.Bc3 bxa4 25.bxa4 Rc6 26.Rf3 Tdb8 27.Re4 Tb4
28.Bxb4 cxb4 29.Ch5 Rb7 30.f4
gxf4 31.Chxf4 Cxf4 32.Cxf4 Bxc4 33.Td7 Ta6 34.Cd5 Tc6 35.Txf7 Bc5
36.Txc7+ Txc7
37.Cxc7 Rc6 38.Cb5 Bxb5 39.axb5+ Rxb5 40.e6 b3 41.Rd3 Be7 42.h4 a4 43.g5 hxg5
44.hxg5 a3 45.Rc3 1–0
sábado, 22 de novembro de 2014
Instancias decisivas no duelo Carlsen - Anand
Magnus utilizou o dia livre para relaxar jogando algo de basquete |
A partida de amanha, undécima do
match, promete ser uma das mais interessantes do duelo, pela simples razão que
Viswanathan Anand está obrigado a descontar a vantagem no placar e nesta
partida, apesar de levar as peças pretas, deveria arriscar mais um pouco. O
campeão, Magnus Carlsen, pode contar com isso para tentar jogar pela vitória,
um resultado que fecharia o match.
A lógica indica que esse deve ser
o rumo que tome a partida. O outro plano disponível de Anand –assegurar com as
peças pretas, jogando por exemplo uma Ruy Lopez Berlinense, para tentar a
vitória na última partida, quando o indiano levaria as peças brancas- parece
mais arriscado: estaria jogando todo a uma bala –um tiro no escuro-.
Obviamente jogar algo mais dinâmico
de pretas ante Carlsen não é uma tarefa simples, e até o momento –contabilizando
os dois duelos, o de Chennai 2013 e o presente- Anand não o logrou. Uma forma
de tentar imprimir dinamismo no jogo do desafiante consistiria na utilização de
um diferente esquema de abertura –por exemplo, uma Pirc-, mas essa estratégia também
envolve riscos. Mais provável parece que o dia livre e alguns dos prévios
tinham sido utilizados pela equipe do desafiante para procurar alguma brecha nos
esquemas sicilianos (e anti-sicilianos) que pode chegar a jogar o campeão.
Depois é tentar e se não da certo, ainda teria uma última chance.
Um detalhe que vale a pena
observar é que Carlsen não se limita a jogar seguro contando com o ponto de
vantagem. A sua escolha da última partida –uma Grünfeld- mostra que o norueguês
luta também no campo psicológico, utilizando opções dinâmicas que em um caso
como o presente, mais uma história de matar ou morrer, pode lhe dar a vitória.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Anand fica algo melhor na abertura, mas não aproveita a chance
A partida 10 do match pelo título mundial entre Magnus Carlsen e Viswanathan Anand também finalizou em empate -o quarto consecutivo-, mais nesta oportunidade, diferente das prévias, o desafiante obteve uma vantagem de abertura.
Como habitual em todo este duelo, o mestre indiano abriu o jogo com 1.d4. O campeão recorreu à defesa Grünfeld, que já tinha empregado na primeira partida do match, se produzindo uma interessante luta estratégica entre o centro de peões branco e a pressão das peças pretas sobre esse centro em uma das variantes mais conhecidas da abertura.
No ingresso ao meio-jogo, Anand tinha conseguido alguma vantagem, fruto de um peão livre central que restringia as peças adversárias, enquanto Carlsen podia confiar no contrajogo a longo prazo da sua maioria de peões na ala de dama.
No momento onde o desafiante podia começar a trabalhar na concretização da vantagem, em vez das linhas críticas escolheu um lance inofensivo, permitindo equilibrar ao instante ao campeão, que não perdeu a oportunidade. Em poucos lances mais, o jogo se encaminhou ao empate.
O resultado permite a Carlsen manter a sua vantagem de um ponto no placar, a falta de somente duas partidas. Enquanto amanha vai ser o último dia livre, no domingo teremos a partida 11, com o campeão mundial levando as brancas. Uma vitória dele fecha o duelo; já o empate ou uma derrota deixa a sorte do match reservada para a última partida.
Anand,Viswanathan
(2792) - Carlsen,Magnus (2863)
WCh 2014 Sochi RUS (10),
21.11.2014
[Notas extraídas dos comentários do MI Luis Rodi para Xadrez Diário]
1.d4 Cf6
2.c4 g6 3.Cc3 d5 4.Cf3 Bg7 5.Db3 dxc4 6.Dxc4 0–0 7.e4
A posição base da
variante Russa, um dos principais esquemas brancos contra a Grünfeld. No
tabuleiro temos uma verdadeira batalha de estilos, com as brancas construindo
um centro clássico enquanto as pretas o enfrentam com critério hipermodernista.
Em ambos os casos se trata de controlar o centro; o que varia é o critério de
como realizar essa tarefa, se com ocupação direta ou com pressão de peças
7...Ca6
A variante Prins era uma velha preferencia de Garri Kasparov nesta posição.
Logo que apareceu no tabuleiro, e lembrando que o Ogro de Baku foi no seu tempo
treinador de Carlsen, se especulou com a sua possível participação na
preparação desta partida. Isto pode ser real ou não, desde que a Prins é hoje
uma das duas réplicas mais populares nesta posição -a outra é a variante
Húngara, 7...a6; ambas ultrapassaram nas preferencias práticas ao velho lance
principal 7...Bg4 que fora favorito de Smyslov- e bem pode ter sido a escolha
para este caso concreto do time do campeão
8.Be2 c5 9.d5 e6 10.0–0 exd5 11.exd5
A
aparição de um peão livre no centro é uma das características de muitas das
linhas teóricas da Grünfeld. Na presente posição, esse peão está ademais
isolado, o que dificulta a avaliação -pode ser uma fortaleza ou uma fraqueza,
dependendo da colocação das peças restantes e o grau de coordenação-
11...Te8 12.Bg5 h6 13.Be3 Bf5 14.Tad1 Ce4 15.Cxe4 Bxe4N
15...Txe4 16.Dc1 Cb4 17.d6 com alguma iniciativa
branca em Biedermann - De Carlos Arregui, corr 2013
16.Dc1!? Df6 17.Bxh6 Dxb2 18.Dxb2 Bxb2
Com as peças de ambos os lados razoavelmente
ativas, a questão passa por saber qual das formações de peões é preferível: a
das brancas, com o peão livre central, ou a das pretas, com maioria de peões
ligados na ala de dama. Pelo momento, o peão d parece o mais perigoso, o que em
definitiva oferece a iniciativa ao primeiro jogador -porém esse lado deve jogar
enérgico; o próximo lance de Anand mostra que o desafiante entendeu isso-
19.Cg5!
Bd4 20.Cxe4
A escolha mais lógica, ganhando o par de bispos e
conservando o peão livre no centro. Anand se tomou uma dúzia de minutos para
este lance, porque tinha uma interessante alternativa no movimento 20.Bb5!?
20...Txe4 21.Bf3 Te7 22.d6 Td7 23.Bf4 Cb4
24.Td2?!
O ponto onde Anand deixa escapar a sua vantagem. "Eu estou
surpreendido com esse lance" (Peter Svidler); "Parece lento"
(Ian Nepomniachtchi). Melhores possibilidades oferecem as ideias 24.a3 ou 24.Tfe1
24...Te8=
As pretas não têm nem a sombra de um
problema aqui, e uns vinte minutos mais no relógio
25.Tc1 Te6 26.h4 Be5
27.Bxe5 Txe5 28.Bxb7 Txb7 29.d7 Cc6 30.d8D+
"Uma
muito estranha decisão de Anand. O lance 30.f4, em vez da promoção, ao menos
teria colocado uma pequena armadilha" (Teimour Radjabov) No entanto, ainda
assim a posição é equilibrada: 30.f4 Tf5 31.g4 Txf4 32.Txc5 Txg4+ 33.Rf2
embora as pretas têm que achar 33...Tbb4! 34.Txc6 Tbf4+ 35.Re3 Te4+ com
repetição de lances
30...Cxd8 31.Txd8+ Rg7 32.Td2 ½–½
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
O Muro de Berlim outorga mais um empate cômodo a Anand
Rápido e curto foi o desenvolvimento da nona partida entre Magnus Carlsen e Viswanathan Anand correspondente ao match pelo título mundial que ambos os enxadristas disputam em Sochi. Para o campeão, com uma vantagem de um ponto no placar, o resultado o deixa mais perto do objetivo, enquanto para o desafiante foi também um bom resultado, já que nas três partidas restantes vai levar as peças brancas em duas delas.
O jogo se desenvolveu na linha denominada Muro de Berlim da variante Berlinense da Ruy Lopez, conhecida por ser uma das opções mais sólidas do xadrez magistral moderno. Com relação ao jogo 7, Carlsen variou com o lance 11.Ce2 (em vez de 11.Bf4), porém o desafiante obteve um fácil equilíbrio e Carlsen, que tinha investido mais tempo em considerar os pormenores da abertura, preferiu repetir lances, se contabilizando logo o empate mais rápido do duelo.
Amanha, desde as 10.00 (horário Brasil) tem lugar a partida 10, com Anand levando as peças brancas.
Carlsen,Magnus
(2863) - Anand,Viswanathan (2792)
WCh 2014 Sochi RUS (9),
20.11.2014
1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 Cf6 4.0–0 Cxe4 5.d4
Cd6 6.Bxc6 dxc6 7.dxe5 Cf5 8.Dxd8+ Rxd8 9.h3 Re8 10.Cc3 h5 11.Ce2 b6 12.Td1 Ba6
13.Cf4 Bb7
14.e6 Bd6 15.exf7+ Rxf7 16.Cg5+ Rf6 17.Ce4+ Rf7 18.Cg5+ Rf6 19.Ce4+
Rf7 20.Cg5+ ½–½
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
De recuperações
A sequência compreendida entre as
partidas 7 e 8 (as primeiras da segunda parte do match, com as cores invertidas
com relação à primeira parte) podem se denominar de recuperação, anímica e
esportiva.
Na primeira delas, Viswanathan
Anand se mostrou recuperado da debacle da partida prévia (dois dias trás)
quando deixou passar um golpe tático evidente que teria mudado a sorte do jogo –e
talvez do match-. Como explicara oportunamente, o erro de Anand teve maior peso
que o prévio de Carlsen, por duas razões: primeiro, porque o mestre indiano
estava inferior e necessitava estar aberto e muito alerta a qualquer milagre. E
também porque ao entender o que tinha acontecido não reagiu bem e perdeu sem
opor resistência. Mas na seguinte partida, e sendo um gladiador do tabuleiro, o
desafiante enfrentou a pressão no tabuleiro e obteve um empate valioso, na que
é até aqui a partida mais longa do duelo.
Na seguinte partida foi Magnus
Carlsen quem se mostrou recuperado da dura derrota na terceira rodada.
Recuperado e capaz de desafiar a Anand no território onde tem fama de ser
melhor: a preparação prévia da partida. Porque o campeão foi capaz de
surpreender teoricamente com sua escolha de abertura e se manter dentro dos
seus analises até passado o lance vinte, obtendo quase uma hora de vantagem no
relógio e finalmente um empate fácil.
O ânimo dos dois mestres está,
por assim dizer, reforçado nestes últimos dois jogos. Uma excelente noticia
para os amadores de todo o mundo, que com certeza vão assistir a quatro
verdadeiras batalhas no que segue.
Obviamente, e a medida que o
match avança, o ponto de vantagem que tem o campeão pesa mais. O desafiante,
ainda com duas partidas levando as peças brancas, provavelmente as empregue
para tentar a vitória, enquanto um esquema mais cauteloso deve ser aplicado
quando leva as pretas. Na nona partida, por exemplo, que se disputa este 20 de
novembro desde as 10.00 horas (horário de Brasil), e que pode ter outra Ruy
Lopez Berlinense no tabuleiro. Também há que dar margem à possibilidade que Anand
tente obter algo mais de pretas, utilizando algum esquema mais ambicioso, porém
provavelmente seja ainda cedo para medidas extremas.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Um esquema pouco usual permite a Carlsen um empate simples
A oitava partida do match pelo campeonato mundial que se desenvolve na cidade russa de Sochi com Magnus Carlsen e Viswanathan Anand como protagonistas finalizou em um rápido empate (não pela quantidade de lances, mas sim pelo tempo utilizado: pouco mais de duas horas e meia), com o campeão mostrando-se recuperado plenamente da derrota da terceira partida, quando no território do gambito de Dama declinado não esteve à altura do laboratório do desafiante.
Mostando confiança nos seus recursos de abertura, Carlsen voltou a enfrentar a linha da partida 3 (a variante Blackburne), escolhendo esta vez a linha principal antiga 6...c5, porém, em vez da usual 9...Da5 surpreendeu com 9...Te8, uma ideia primeiro empregada por Janowski (em 1898) que tinha reputação duvidosa, porém que nesta oportunidade teve a virtude de confundir Anand, que não achou nenhum caminho à vantagem. A liquidação dos peões centrais logo deu passagem a uma troca generalizada de peças, e a abertura se transformou logo em um final com posição simétrica onde a ligeira iniciativa branca não era suficiente para lutar pelo ponto.
Anand,V
(2792) - Carlsen,M (2863)
WCh 2014 Sochi RUS (8),
18.11.2014
1.d4 Cf6
2.c4 e6 3.Cf3 d5 4.Cc3 Be7 5.Bf4 0–0 6.e3 c5 7.dxc5 Bxc5 8.a3 Cc6 9.Dc2 Te8
10.Bg5 Be7 11.Td1 Da5 12.Bd3 h6 13.Bh4 dxc4 14.Bxc4 a6 15.0–0 b5 16.Ba2 Bb7
17.Bb1 Tad8
18.Bxf6 Bxf6 19.Ce4 Be7 20.Cc5 Bxc5 21.Dxc5 b4 22.Tc1 bxa3 23.bxa3
Dxc5 24.Txc5 Ce7 25.Tfc1 Tc8 26.Bd3 Ted8 27.Txc8 Txc8 28.Txc8+ Cxc8
29.Cd2 Cb6
30.Cb3 Cd7 31.Ca5 Bc8 32.Rf1 Rf8 33.Re1 Re7 34.Rd2 Rd6 35.Rc3 Ce5 36.Be2 Rc5
37.f4 Cc6 38.Cxc6 Rxc6 39.Rd4 f6 40.e4 Rd6 41.e5+ ½–½
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Anand resiste a pressão e obtém um importante empate
Para Viswanathan Anand era uma partida chave: depois da dura derrota na sexta partida, precisava mostrar uma recuperação anímica adequada, e conseguiu o objetivo ao empatar com o campeão Magnus Carlsen na sétima partida, onde também levou as peças pretas.
O desafiante empregou a variante Berlinense da Ruy Lopez e logo ambos os mestres estavam jogando uma das linhas de moda no denominado final do Muro de Berlim. No momento crítico, Anand entregou uma peça para liquidar a maioria de peões brancas na ala de rei, e o jogo abriu passo a outra fase, com Carlsen contando com torre, cavalo e dois peões contra torre e quatro peões do desafiante, com todos os pões na ala de dama.
O campeão tentou de diversas formas achar um caminho para quebrar a resistência do mestre indiano, porém parece que não havia forma, e depois de algumas simplificações o melhor que obteve foi o final puro de torre e cavalo contra torre (o grande mestre Nigel Short considera que as chances de vitória são de um 5%, mas com certeza não neste nível) que depois de alguns lances foi declarado empate.
Amanha é Anand quem leva as peças brancas, desde as 10 horas (horário de Brasil), tentando descontar o ponto de vantagem que Carlsen leva.
Carlsen,Magnus
(2863) - Anand,Viswanathan (2792)
WCh 2014 Sochi RUS (7),
17.11.2014
[Notas do mestre internacional Luis Rodi]
1.e4 e5
2.Cf3 Cc6 3.Bb5 Cf6
Desde
meu ponto de vista, a escolha mais lógica. Primeiro, porque depois de uma
derrota é importante mudar de abertura para evitar lembranças ruins, mas
fundamentalmente porque Anand necessita imperiosamente não perder nesta partida
depois do grande erro da precedente, e para isso uma defesa sólida é precisa. A
Siciliana pode voltar depois, quando a tarefa de recuperação anímica tenha sido
feita!
4.0–0
Com este lance -aceitando a possibilidade de ingressar ao
famoso final berlinense- Magnus varia com relação à segunda partida do duelo,
quando empregou o mais flexível 4.d3 e depois de 4...Bc5 5.0–0 d6 6.Te1 0–0
7.Bxc6 bxc6 8.h3 Te8 9.Cbd2 Cd7 10.Cc4 obteve uma ligeira iniciativa que
concretizou com ajuda de algumas decisões erradas do seu adversário. É obvio
que a equipe do desafiante está preparada para o caso de aparecer novamente no
tabuleiro esta possibilidade, pelo qual a variação de linha é o resultado
esperado
4...Cxe4 5.d4 Cd6 6.Bxc6 dxc6 7.dxe5 Cf5 8.Dxd8+ Rxd8
Não pela
primeira vez entre estes dois mestres temos no tabuleiro a posição denominada
de Muro de Berlim (primeiro empregada em Wemmers - Riemann, Alemanha ch 1880),
um final de forte conteúdo estratégico que tem fama de ser a opção mais sólida
na atualidade para combater a abertura de peão rei. No match prévio, foi
utilizado com ambos os mestres sentados em forma inversa -isto é, com Carlsen
levando as peças pretas-. É interessante o processo que levou a esta posição a
se transformar, de uma linha exótica, à principal opção preta na Ruy Lopez
Berlinense. No primeiro olhar a posição preta parece suspeita: temos a mesma
estrutura que a variante das trocas, sem damas (a simplificação favorece nestes
casos ao primeiro lado) e com um rei exposto no centro. Se analisarmos algo
mais, observamos que diferente da variante das trocas, o peão e branco está em
e5 (e não em e4) o que faz uma grande diferencia, desde que as pretas podem
utilizar a casa f5 em forma ativa. Um dos primeiros em entender a
potencialidade do esquema preto foi Vladimir Kramnik, que no ano 2000 produz
uma grande explosão da variante ao emprega-la com sucesso no match pelo título
mundial ante nada menos que Garri Kasparov -que, como Anand, tinha fama de
preparar de forma excelsa suas partidas-. Novas trilhas foram abertas para
ambos os lados, e a teoria foi evoluindo até considerar a posição uma das mais
difíceis de bater. Hoje o Muro de Berlim é considerado a principal arma contra
1.e4 -se consideramos que as pretas se conformam com um empate, em caso de
necessidade de vitória a Siciliana vem a mão-, ocupando o papel que nos anos
oitenta tinha a Petrov
9.h3
A última moda. O pequeno lance de peão torre
está acorde com um dos principais planos brancos, que é a exploração da maioria
de peões na ala de rei, e também tem o objetivo de expulsar ao cavalo preto da
sua ativa colocação em f5. A elite está preferindo este lance, enquanto a linha
principal teórica segue sendo 9.Cc3. Nesta posição justamente foi onde Kramnik
surpreendeu a Kasparov com a ideia 9...Bd7; a ordem com h3 e posterior Cc3
aponta a evitar esta ideia
9...Re8
A linha principal. O rei volta a e8,
onde fica algo mais protegido e a sua vez oferece defesa ao peão f7 -potencial
alvo de atividades com Cg5-. A principal opção é 9...Bd7 uma ideia
popularizada por um dos segundos de Carlsen, o também norueguês Jon Hammer, que
foi aplicada no anterior match entre os nossos protagonistas. Depois de 10.Td1
Be7 11.Cc3 Rc8 12.Bg5 (posteriormente o italiano Fabiano Caruana tentou
melhorar o esquema branco com o imediato 12.g4 no seu jogo ante Adams,
Dortmund 2014) 12...h6 13.Bxe7 Cxe7 14.Td2 c5 15.Tad1 Be6 16.Ce1 Cg6
17.Cd3 b6= Anand - Carlsen, Chennai (4) 2013. O jogo se declarou empate no
lance 64
10.Cc3 h5
Uma moderna tabiya do final berlinense! Até não faz
muito tempo trás, se considerava este avanço enfraquecedor, porém a prática
mostrou que os benefícios de atrasar a iniciativa branca na ala de rei são
superiores ao enfraquecimento do ponto g5. Uma das virtudes da ideia é que no
caso das brancas realizar o avanço g4, a coluna h se abre outorgando atividade
à Th8
11.Bf4
As brancas têm outras alternativas populares aqui, como 11.Bg5
e 11.Tad1, mas o lance de Carlsen é a última moda na elite, sobretudo pelos
esforços de Fabiano Caruana e Sergey Karjakin
11...Be7 12.Tad1 Be6
Este lance se foi consolidando como a
principal opção nesta posição. Entretanto, as pretas dispõem de duas alternativas
interessantes: a) 12...Ch4 13.Cxh4 Bxh4 14.Ce2 Be7 15.Cd4 g5„ Volokitin -
Ki.Georgiev, Sérvia tt 2010; b) 12...Bd7!? é outra ideia de Kramnik nesta
posição. Depois de 13.g3 Td8 14.Bg5 Ch6 15.Rg2 Bf5 16.Txd8+ Bxd8 17.Bxd8 Rxd8
18.Td1+ Re7 se alcançou o equilíbrio em Naiditsch - Kramnik, Dortmund 2014
13.Cg5
Th6!
As pretas estão preparadas para entregar um dos seus bispos -quebrando
um dos dogmas fundamentais da posição, que indica que os bispos são a
compensação pelos peões dobrados- a cambio de ativar a sua torre rei
14.g3
O
lance do peão cavalo permite em alguns casos o sustento do Cg5 mediante h4. A
principal alternativa é 14.Tfe1 um lance preferido por Caruana. Alguns
exemplos recentes com esta ideia são: 14...Bb4 15.g4 (15.Cge4 Tg6 16.Rh2 h4
17.g4!? hxg3+ 18.fxg3 Ce7 19.a3 Bxc3 20.Cxc3 Cd5= Caruana - Andreikin,
Tashkent 2014) 15...hxg4 16.hxg4 Ce7 17.Cxe6 Txe6 18.Rg2 Bxc3 (18...Td8
19.Txd8+ Rxd8 20.Td1+ Rc8 21.Bg3 Bxc3 22.bxc3 Tg6= Caruana - Nakamura,
Saint Louis 2014) 19.bxc3 Td8 20.Txd8+ Rxd8 21.Th1 Cd5 22.Bg3 (22.Th8+
Rd7 23.Bg3 g5!? 24.Tg8 Cf4+ 25.Bxf4 gxf4= Radjabov - Andreikin, Tashkent
2014) 22...g5 23.c4 Cc3= Anand - Karjakin, Khanty Mansiysk ct 2014
14...Bxg5
15.Bxg5 Tg6 16.h4
O avanço envolve uma entrega de peão a cambio de atividade,
e é a escolha principal no nível magistral; 16.Bf4 Ch4„ é outra possibilidade,
Almasi - Naiditsch, Croácia 2014
16...f6 17.exf6 gxf6 18.Bf4 Cxh4 19.f3!
Para
Rf2, Th1 - As brancas têm excelente compensação pelo peão, mas não suficiente
para reclamar a vantagem, como demonstraram numerosas experiências no nível
magistral
19...Td8
20.Rf2
A mais crítica. Exemplos recentes com outras
possibilidades são: a) 20.Txd8+ Rxd8 21.Rf2 Cf5 22.Th1 Cg7 23.Cd1 Bf7 24.b3 b6
25.c4 Be8 26.Cc3 Ce6 com equilíbrio, Naiditsch - So, Wijk aan Zee 2014; b)
20.Tde1 Rf7 (20...Rd7!? é também possível) 21.Rf2 Cf5 22.Th1 Cg7
23.Td1 Td7 24.Txd7+ Bxd7 25.Bxc7 Bf5 26.Bb8 Bxc2 27.Tc1 Bf5 28.Bxa7 Th6 com
jogo aproximadamente igual, Motylev - Bacrot, Poikovsky 2014
20...Txd1
21.Cxd1 Cf5 22.Th1 Bxa2! 23.Txh5
As brancas não conseguem pegar ao atrevido
bispo preto com 23.b3 a continuação 23...Bb1 24.Te1+ Rf7 25.Te2 Cd4 26.Td2 c5
27.Ce3 Tg7 28.Bxc7 Re6 29.Bb8 b6 é inclusive algo melhor para o segundo
jogador, de acordo com Lysyj e Ovetchkin no seu livro The Berlin Defence
23...Be6
24.g4
As esperanças brancas estão relacionadas nos últimos tempos com este
lance. Esse lado não obteve a vantagem na alternativa lógica 24.Bxc7 Th6
25.Txh6 Cxh6 26.g4 Cf7 27.Re3 Rd7= Solak - Bacrot, Yerevan 2014. A presencia de
bispos de diferente cor faz difícil pensar em qualquer tipo de concretização
24...Cd6
25.Th7 Cf7N
Uma tentativa de melhora sobre o antecedente recente 25...f5 onde 26.g5 (26.Txc7!?
pode ser crítica, porém muito difícil de calcular se não se conhece antecipadamente
a linha, dado que a torre fica algo fora de jogo após 26...Bd7 Entretanto
27.Ce3 fxg4 28.Bxd6 Txd6 29.fxg4 pode ser algo melhor para as brancas)
26...Cf7 27.Th5 Tg8 28.Rg3 Th8!? (28...c5!?) 29.Txh8+ Cxh8 30.Bxc7
Cg6 levou ao empate à partida Giri - Radjabov, Tashkent 2014. O final é algo
melhor para as brancas, mas como acontece em casos semelhantes os bispos de
diferente cor dificultam a tarefa de concretização
26.Ce3 Rd8 27.Cf5 c5
O
grande mestre Jonathan Rowson coloca um signo de exclamação a este lance,
indicando que "não muito está acontecendo, e Magnus está suficientemente
feliz com a posição, porém é um bom impulso moral lembrar que as pretas estão
com um peão a mais". Entretanto, possíveis são lances como 27...a6 (a dica
do meu computador) e 27...Tg8 alla
Radjabov
28.Cg3 Ce5
28...Rd7 e 28...Bd5 são outras possibilidades
29.Th8+
29.Bxe5 fxe5 30.Th5 é a alternativa, com Anand pudendo chegar ao final da
partida mediante 30...Bxg4 31.fxg4 Txg4
29...Tg8 30.Bxe5 fxe5™ 31.Th5
31...Bxg4!?
Uma decisão radical por parte do desafiante, eliminando os peões
brancos na ala de rei, que provocou divergências entre os observadores de alto
nível da partida. Uma questão importante é conhecer se Anand efetivamente tinha
considerado a possibilidade de chegar a este tipo de final nos seus estudos
prévios da defesa. A alternativa é manter as peças com ideias como 31...Tf8
onde 32.Re3 permite às brancas reclamar que estão ligeiramente melhores pelas
chances que outorga a sua maioria de peões. Por alguma razão Anand considerou
que as suas chances práticas seriam inferiores neste tipo de cenário, e
Radjabov compartilha essa ideia ao mostrar a variante 32...Bd5 33.Ce4 Bxe4
34.Rxe4 Tf4+ 35.Rxe5 (ou 35.Re3 ) 35...Txf3 36.Re6 que considera
essencialmente ganhadora para o primeiro jogador
32.fxg4 Txg4 33.Txe5 b6
Com
todos os peões no mesmo setor do tabuleiro, as pretas têm boas chances de
empate. Uma forma simples de alcança-lo (porém longa na prática) é ir trocando
os peões, contando que o final de torre e cavalo contra torre não se ganha.
Algumas reações dos grandes mestres neste final: "Parece que a gente está
estimando demais as chances das brancas. O final parece um empate simples para
mim" (Fabiano Caruana); "O meu estimado colega Fabiano Caruana foi
muito sanguíneo acerca das chances pretas de empate, porém ele não tem 44 anos
nem está estressado e cansado" (Nigel Short); "Seria realmente impressivo se Anand
consegue empatar esta posição" (Simen Agdestein". Como o leitor pode
apreciar, há opiniões para todos os gostos. O certo é que as brancas sempre têm
as melhores chances práticas -embora também as chances práticas de empate das
pretas parecem boas- e que os computadores são de pouca ajuda neste tipo de
posição!
34.Ce4 Th4 35.Re2 Th6 36.b3 Rd7 37.Rd2 Rc6 38.Cc3 a6 39.Te4 Th2+
40.Rc1 Th1+ 41.Rb2 Th6
Ultrapassado o controle de tempo, cada um dos
mestres dispõe de mais uma hora para planejar acontecimentos. A tarefa das
brancas consiste em quebrar a fortaleza erigida por Anand, e para isso não
precisa se apressar - a vantagem material é permanente-. Alguns observadores
auguraram uma partida muito longa desde este ponto. "Magnus pode jogar
esta posição mais ou menos eternamente" (Ian Nepomniachtchi); "O pior
pesadelo para as pretas é esperar 49 lances antes que c3 seja jogado, logo
outros 49 para c4, e assim..." (Nigel Short)
42.Cd1 Tg6 43.Ce3 Th6
44.Te7 Th2!? 45.Te6+ Rb7 46.Rc3 Th4 47.Rb2 Th2
Não é fácil achar um plano
para concretizar a vantagem branca. "Salvo que Anand cometa um grave erro,
você pode com certeza dar uma bonita caminhada, regressar e achar eles ainda
levando as peças de aca para lá" (Natalia Pogonina)
48.Cd5 Td2 49.Cf6
Tf2 50.Rc3 Tf4 51.Ce4 Th4 52.Cf2 Th2 53.Tf6 Th7
54.Cd3 Th3 55.Rd2 Th2+ 56.Tf2
Th4
Obviamente não é uma boa ideia trocar as torres, ao menos não nesta
posição onde ainda tem suficientes peões no tabuleiro
57.c4!? Th3 58.Rc2 Th7
59.Cb2
Um plano interessante; pode ter a ideia de levar o cavalo a d5 (uma
possível via é a4-c3-d5)
59...Th5 60.Te2 Tg5 61.Cd1 b5!?
"Agora as
pretas devem obter o empate; talvez a posição sempre estivesse empatada"
(Anish Giri)
62.Cc3
Qualquer uma menos trocar em b5, que levaria
rapidamente ao empate por liquidação da massa de peões
62...c6 63.Ce4 Th5
64.Cf6 Tg5 65.Te7+ Rb6 66.Cd7+ Ra5
Com a ameaça de liquidar toda a ala de
dama mediante ...Rb4, a5-a4
67.Te4!
Outros lances permitem um equilíbrio
mais ou menos cômodo: a) 67.Ce5 Rb4 68.Cxc6+ (68.Cf3 Tg2+ 69.Cd2 a5 70.Tf7
a4 71.bxa4 Rxa4 72.Rc3 Tg3+ 73.Cf3 bxc4=) 68...Ra3 69.cxb5 Tg2+ 70.Rc3 Tg3+
71.Rc4 axb5+ 72.Rxb5 Rxb3 73.Rxc5= Já mencionei que este final não se ganha ;);
b) 67.Th7 Tg2+ 68.Rc3 Tg7! é um bonito truque 69.Cf6 (69.Txg7 b4+ leva
ao empate por mate afogado) 69...Tg3+ 70.Rb2 Rb4=
67...Tg2+
Muito
lógica, afastando o rei branco dos peões. A ideia branca pode-se ver na linha
67...Rb4 68.cxb5+ Rxb5 69.Ce5 com excelentes chances práticas para as brancas,
desde que a formação de peões preta se deteriora de forma grave
68.Rc1
68.Rd1
é considerada algo melhor pelo computador (por exemplo, evita o truque citado
no comentário seguinte), porém depois de 68...Tg1+ (se as pretas
continuam com 68...Rb4 ficam inferiores após 69.cxb5+ Rxb5 70.Te8±) 69.Re2
Tg2+ 70.Rf1 Tb2 o empate parece evidente, por exemplo 71.Cxc5 Rb6 72.Ce6 Txb3
73.c5+ Ra5 74.Cd4 Tb1+ 75.Re2 b4„
68...Tg1+
68...Rb4!? é também
possível. Se 69.cxb5+ as pretas têm, diferente de casos semelhantes, o lance
69...Rc3! suficiente para alcançar o equilíbrio, por exemplo 70.Te3+ Rd4 71.Te5
cxb5 72.Txc5 a5 73.Txb5 Rc3=
69.Rd2 Tg2+ 70.Re1 bxc4!
Depois deste
lance, a partida se encaminha ao empate
71.Txc4 Tg3
72.Cxc5
72.Txc5+
Rb4=
72...Rb5 73.Tc2 a5
73...Rb4 com a ideia ...Tc3 teria sido outra
simples via à divisão do ponto
74.Rf2 Th3 75.Tc1 Rb4 76.Re2 Tc3!
Porém
não 76...Th5 77.Tc4+ Rb5 78.Cd3 e as brancas estão na beira da vitória
77.Cd3+
77.Txc3 Rxc3 78.Re3 Rb4 79.Rd4 Rb5= zugzwang
77...Rxb3
Com um
empate fácil. As pretas podem ainda entregar os seus peões; torre e cavalo
contra torre é um empate teórico conhecido. O resto da partida não oferece
grande interesse, e possivelmente a continuação tenha mais a ver com o tempo do
desafiante -uns nove minutos para todo o resto da partida, mas os 30 segundos
por lance de incremento-
78.Ta1 Rc4 79.Cf2 Rb5 80.Tb1+ Rc4 81.Ce4 Ta3
82.Cd2+ Rd5 83.Th1 a4 84.Th5+ Rd4 85.Th4+ Rc5 86.Rd1 Rb5 87.Rc2 Tg3 88.Ce4 Tg2+
89.Rd3 a3 90.Cc3+ Rb6 91.Ta4 a2 92.Cxa2 Tg3+ 93.Rc2 Tg2+ 94.Rb3 Tg3+ 95.Cc3 Th3
96.Tb4+ Rc7 97.Tg4 Th7 98.Rc4 Tf7 99.Tg5 Rb6 100.Ca4+ Rc7 101.Rc5 Rd7 102.Rb6
Tf1 103.Cc5+ Re7 104.Rxc6
Os dois peões isolados pretos caíram, mas a sorte
da partida não deve variar: com defesa correta das pretas, as brancas não podem
ganhar este final. Ambos os mestres estão jogando esta fase a ritmo de blitz, e
Anand conta agora com uns quatorze minutos
104...Td1 105.Tg6 Rf7 106.Th6 Tg1
107.Rd5 Tg5+ 108.Rd4 Tg6 109.Th1 Tg2 110.Ce4 Ta2
111.Tf1+ Re7 112.Cc3 Th2
113.Cd5+ Rd6 114.Tf6+ Rd7 115.Cf4 Th1 116.Tg6 Td1+ 117.Cd3 Re7 118.Ta6 Rd7
119.Re4 Re7 120.Tc6 Rd7 121.Tc1 Txc1 122.Cxc1 ½–½
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