segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Por que Darcy

Escreve Ari Maia (*)

Recentemente a Confederação Brasileira de Xadrez realizou sua Assembleia Geral Ordinária para a finalidade de eleger o seu novo presidente, que ocupará o cargo entre janeiro de 2013 e dezembro de 2016. O escolhido entre as 15 federações estaduais presentes ou representadas foi o GM Darcy Gustavo Vieira Lima, um dos mais populares jogadores de xadrez do Brasil.

Darcy Lima é uma liderança muito respeitada no país e sua vitória não foi surpresa para ninguém. Mas, o que faz de Darcy uma grande liderança? A resposta é simples: carisma. Por onde passa, Darcy conquista novos amigos, pois, ao contrário de muitos Grandes Mestres, Darcy é pessoa acessível a todos que cruzam o seu caminho. Sempre está disposto a uma conversa, a uma foto, a uma análise post mortem, seja com quem for.

O novo presidente também é um incansável andarilho desse imenso país e costuma viajar aos mais longíncuos lugares para prestigiar organizadores, dos mais modestos aos mais felizes. Isso faz como ninguém. Viajar para jogar xadrez é uma tarefa dura para qualquer um e, no nível de GM, acrescente-se o risco de colocar o seu rating a toda prova. Todo nós, capivaras desse meu país, adoraríamos pelo menos empatar com um. Há GMs pelo país que só jogam por cachê, alegando que não compensa jogar sem cachê e arriscar perder pontos de ELO. Darcy não quer saber desses riscos e topa jogar xadrez com qualquer um, só pelo prazer de jogar.
Os seus mais ardentes adversários falam que ele é poderoso e que manda na CBX, independente de quem estiver no poder, o que é pelo menos uma ofensa ao trabalho de valorosos combatentes que estiveram à frente da entidade ao longo de várias gestões. Mesmo assim, ao dar crédito aos críticos, mais um motivo para o GM está à frente, pois agora o comandante é o próprio dito "poderoso". Já que vai ditar as regras, que dite-as pessoalmente.
Não vamos nos iludir, quem quiser dar combate ao GM Darcy Lima, terá que ser pelo menos tão carismático quanto ele, viajar por todo o país conhecendo e sendo conhecido pelas pessoas (não só às vésperas das eleições) e trabalhar com dedicação à causa do xadrez nacional. Os desavisados dirão que Darcy venceu porque tem o Nordeste nas mãos. Estes precisarão ver os dados com maior acurácia: No Sudeste, Darcy teve o apoio de todas as federações, assim como no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, salvo os dois votos dados ao candidato de última hora Charles de Mora Netto. só não venceu no Sul, onde, de fato, não teve nenhum dos 2 votos aptos.

A partir do dia 1º de janeiro o GM Darcy Lima terá uma importante missão, a de conduzir os destinos do xadrez brasileiro pelos próximos quatro anos, onde terá o apoio de muitas federações e dos Vice-Presidentes e Diretores Regionais. É um trabalho hercúleo, sujeito à críticas periódicas, algumas brandas, outras nem tanto. Ser liderança é fazer o que for preciso e estar pronto para ter o seu nome aplaudido e criticado a todo momento. Pela sua longa fila de serviços prestados ao enxadrismo verde-amarelo, podemos dizer, com tranquilidade, que Darcy está pronto. Desejamos todo o sucesso à nova gestão e que venham os desafios.
 
(*) Publicado inicialmente no blog Brasil Xadrez (http://www.brasilxadrez.com.br/)

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