O ex-campeão mundial Viswanathan
Anand (foto) lidera o torneio Candidatura desde a primeira rodada, quando realizou a
sua melhor partida da prova –até aqui- e derrotou a Levon Aronian em uma Ruy
Lopez anti-Marshall de trâmite técnico. O valor desse resultado, como pode se
observar na atual tabla de posições, foi grande, e talvez decisivo.
O mestre indiano obteve mais uma
vitória –na terceira rodada, explorando a má forma do começo de torneio de
Shakriyar Mamedyarov- e quatro empates. Destes últimos, dois foram contra
mestres com aspirações de vitória no torneio –e tanto contra Vladimir Kramnik
quanto contra Veselin Topalov foram partidas lutadas e com diversas situações-,
porém nas outras dois, contra Dmitry Andreikin e Sergey Karjakin, deixou a
impressão que se conformou com administrar o meio ponto de vantagem que, desde
a terceira rodada, tem sobre seus imediatos perseguidores.
Alcança com isso? Apesar de não
ter finalizado a primeira volta (falta uma partida para isso, e depois vêm as revanches),
já há quem especula com uma estratégia tipo Petrosian (em Curaçao 1962)
consistente em seguir empatando e confiar que os adversários não suportem a
tensão da luta pelo primeiro lugar.
Na última rodada, essa estratégia
funcionou de forma perfeita. Considerando o empate tranquilo na partida entre o
ex-campeão mundial e Karjakin, qualquer um dos seus três perseguidores
(Kramnik, Aronian, Svidler) que ganhasse sua partida o alcançaria na liderança.
Peter Svidler esteve perto. Surpreendeu
a Mamedyarov com a escolha da abertura (Holandesa, em vez da habitual
Grünfeld), equilibrou com facilidade chamativa e até ficou melhor na passagem
da abertura ao meio jogo. E ai... um erro de cálculo o deixou com as mãos
vazias.
Vladimir Kramnik a teve difícil
desde a abertura, desde que não achou a forma de contra restar um pouco usual
plano de seu adversário Topalov, que levando as peças brancas e utilizando a
velha linha de Blackburne contra o Gambito de Dama declinado (5.Bf4) aplicou um
plano que tinha somente dois antecedentes: um dele mesmo; o outro de uma
partida do primeiro campeão mundial, Wilhelm Steinitz, de 1896 (!). A vitória
de Topalov não somente relegou Kramnik, mas também deu novas esperanças ao
mestre búlgaro, que como Mamedyarov recuperou posições.
Levon Aronian foi quem mais se
aproximou da liderança nessa sexta rodada. Pois ao ingressar ao final da sua
partida contra a lanterna da prova, Dmitry Andreikin, contava com um peão a
mais, livre e afastado, em uma posição com torre e bispo contra torre e cavalo,
dessas que normalmente se ganham com boa técnica –da qual certamente Aronian
não carece-. Porém não era o dia do mestre armênio, e depois de trocar seu
bispo pelo cavalo estragou a vantagem, devendo se conformar com um empate ao
estilo Pirro, outorgando assim o terceiro motivo de alegria ao líder cômodo da
prova.
Certo, nem sempre as coisas
funcionam desse jeito e um par de resultados pode fazer mudar o plano de Anand,
porém até aqui o indiano está realizando seu objetivo de obter uma nova
oportunidade contra o homem que tirou seu título, o norueguês Magnus Carlsen. A
dívida de Anand, no que ao norueguês se refere, não é tanto de resultados
quanto de jogo em se.
O líder do torneio ao segundo dia
livre com uma posição cômoda. A partir daqui, os acontecimentos vão se acelerar,
e com certeza vamos ver interessantes batalhas. Poderá Anand se manter na
liderança sem acosso direto dos restantes mestres?
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