Em Zurich, Nakamura foi o "convidado de pedra" campeão

Hikaru sorriu ao final...

A cidade suíça foi sede do 4o Zurich Chess Challenger, que compreendeu três torneios (nos ritmos blitz, clássico e rápido) com a participação de dois ex-campeões mundiais, Viswanathan Anand e Vladimir Kramnik, assim como os grandes mestres Fabiano Caruana, Hikaru Nakamura, Levon Aronian e Sergey Karjakin. O torneio blitz teve como resultado definir os números que cada participante teria nos torneios restantes. A prova clássica foi vencida em grande forma por Anand, que teve uma das suas melhores atuações dos últimos anos -junto com a vitória no torneio de candidatos 2014-. Vladimir Kramnik, entretanto, foi o campeão no torneio de partidas rápidas.

Ambos os torneios outorgaram pontos para uma classificação geral (o clássico com os pontos valendo o duplo, isto é vitória dois pontos e empate um), que resultou ter um empate no primeiro lugar entre Anand (7 pontos do clássico mais 2 do rápido) e Nakamura (6 pontos do clássico mais 3 do rápido).

Um jogo armageddon definiu então o primeiro lugar da competição inteira, com Nakamura levando as peças pretas (e contando com 4 minutos contra 5 do seu adversário) e precisando de somente um empate. O estadunidense entretanto venceu o jogo, sendo consagrado campeão da edição 2015 do Zurich Chess Challenger.

O grande mestre Hikaru Nakamura se converteu no "convidado de pedra" do torneio ao vence-lo sem ter ganho nenhum dos torneios.

De forma paralela foi realizado um match de partidas rápidas entre Viktor Korchnoi e Wolfgang Uhlmann finalizado em empate (2 x 2), após duas vitórias para cada grande mestre. 

Posições torneio clássico

1. V. Anand 3½; 2. H. Nakamura 3; 3.  V. Kramnik 2½; 4-6. S. Karjakin, F. Caruana,  L. Aronian 2

Posições torneio rápido

1. V. Kramnik (foto) 3½; 2-3. L. Aronian, H. Nakamura 3; 4-5. S. Karjakin, V. Anand 2; 6. F. Caruana 1½

Classificação combinada

1-2. V. Anand, H. Nakamura 9; 3. V. Kramnik 8½; 4. L. Aronian 7; 5. S. Karjakin 6; 6. F. Caruana 5½

Mais um ressurgimento de Anand

Parece que o único que tem o segredo para estragar os planos do ex-campeão mundial Viswanathan Anand é o atual titular, Magnus Carlsen. Os outros mestres ainda não acham a fórmula e o mestre indiano segue obtendo bons resultados.

Como quando venceu de forma surpreendente o torneio de Candidatos 2014 -em Khanty Mansiysk, Rússia-, Anand tem mais um ressurgimento na edição 2015 do torneio de Zurich. que a falta de somente uma rodada o tem como líder absoluto.

Para isso, o ex-campeão mundial teve que vencer hoje ao até então líder, Hikaru Nakamura, com as peças brancas. Algo normal, se não consideramos que os últimos duelos com esta cor tinham finalizado com vitória do americano. Porém nesta oportunidade a história foi diferente: o representante dos Estados Unidos escolheu uma linha alheia ao seu estilo e depois de um par de imprecisões se encontrou com uma posição difícil de defender, que requeria de muita paciência e jogo exato.

Anand, com mais espaço, peças ativas e forte pressão contra as fraquezas pretas acabou vencendo em boa forma, conquistando assim o primeiro lugar, com meio a mais de seu vencido de hoje. Na terceira posição, um ponto a menos que Anand, aparece outro ex-campeão mundial, Vladimir Kramnik.

A solução do problema de Infantozzi

Julio César Infantozzi Rossi (1916-1991) foi um dos más notáveis compositores uruguaios. Médico de profissão, no jogo ao vivo chegou a representar seu país natal no match ante a União Soviética (Montevidéu, 1954) e na Olimpíada de Tel Aviv 1964. O seguinte é um dos seus finais artísticos. Nele, jogam as brancas e obtêm o empate:

Primeiro, parece difícil, pois os peões pretos estão muito adiantados. Porém logo se percebe um detalhe que salva às brancas. A solução:

1.Ce2 [1.Cd4 b2 2.Cc6+ Ra4 3.Ce2 c2–+] 1...c2 [1...Rb4 2.Cxc3 Rxc3 3.Cc5=] 

2.C6d4 b2 3.Cc3! [O detalhe! 3.Cxc2? b1D 4.Ced4 Db6+ 5.Ra8 Ra6–+] 3...Rb4 [3...c1D? 4.Cc6#; 3...b1D 4.Cc6#] 4.Cxc2+ Rxc3 5.Ca3=

Nakamura começa com vitória em Zurich

Um bom começo teve o grande mestre Hikaru Nakamura na quarta edição do torneio Zurich Chess Challenger que teve hoje a sua primeira rodada.

Na cidade suíça há seis participantes se enfrentando pelo sistema round robin, incluindo dois ex-campeões mundiais, Viswanathan Anand e Vladimir Kramnik, e os memros da elite Fabiano Caruana, Levon Aronian, Sergey Karjakin e Hikaru Nakamura.

Durante os dias 15 e 16, o match de partidas rápidas entre Viktor Korchnoi e Wolfgang Uhlmann, dos lendas do xadrez mundial, será mais um atrativo.

Na primeira rodada, não foi Nakamura, mas seu adversário Caruana quem obteve uma apreciável vantagem. O mestre italiano pressionou em uma das sicilianas de moda (Najdorf com 6.h3), chegou a ganhar um peão, mas no momento certo não concretizou e permitiu uma forte reação adversária. Ponto para Nakamura, que assim se converte no líder da prova, considerando que os outros dois jogos finalizaram em empate.

Kramnik está mostrando que as pretas podem jogar sem pessimismo na variante das trocas do Gambito de Dama declinado -o seu empate com Anand foi justo- e Aronian, depois de sacrificar uma peça e estragar o roque de Karjakin não se sentiu seguro acerca da continuação e preferiu dar perpétuo. 

Resultados da rodada 1

V. Anand - V. Kramnik ½-½

L. Aronian - S. Karjakin ½-½

F. Caruana - H. Nakamura 0-1

Posições

1. H. Nakamura 1; 2-5. V. Anand, V. Kramnik, L. Aronian, S. Karjakin ½; 6. F. Caruana 0

Entre o público que assistiu á primeira rodada se destacou a presencia do escritor espanhol Arturo Perez Reverte, convidado de honra da organização. Perez Reverte é autor do livro "La tabla de Flandes" -onde o xadrez tem um papel importante na trama-, obra que foi levada ao cine.

Um problema de Infantozzi

Julio César Infantozzi Rossi (1916-1991) foi um dos más notáveis compositores uruguaios. Médico de profissão, no jogo ao vivo chegou a representar seu país natal no match ante a União Soviética (Montevidéu, 1954) e na Olimpíada de Tel Aviv 1964.

O seguinte é um dos seus finais artísticos. Nele, jogam as brancas e obtêm o empate:

Primeiro, parece difícil, pois os peões pretos estão muito adiantados. Porém logo se percebe um detalhe que salva às brancas. A solução, na próxima segunda 16.

FENAC 2015 vai ser em São Paulo

Será realizado no Club Homs na Avenida Paulista 735 em São Paulo-SP o FENAC 2015. O evento vai apontar os Campeões Brasileiros das categorias Sub 08, 10, 12, 14 anos – Absoluto e Feminino, que representarão o Brasil nos Campeonatos Mundial da Juventude e Pan-americano. Veja todos os detalhes em http://www.fenac2015.com.br

Carlsen vence no torneio Grenke após superar a Naiditsch no desempate

A terceira edição do Grenke Chess Classic se realizou entre os dias 2 e 9 de fevereiro, sendo a prova principal um torneio pelo sistema americano com oito grandes mestres, encabeçados pelo campeão mundial Magnus Carlsen. Também participaram Fabiano Caruana, Viswanathan Anand e Levon Aronian. A prova alcançou a categoria XX da FIDE (elo médio 2750) e finalizou com a vitória de Carlsen e Naiditsch. O primeiro venceu no match desempate, após duas partidas rápidas que acabaram com uma vitória para cada um deles, dois blitz -finalizaram empatados- e finalmente uma partida Armageddon, onde o norueguês, com as peças brancas e um minuto menos no relógio, estava obrigado a ganhar -o empate servia a Naiditsch-. A mini-vitória no match desempate ajuda a esquecer as duas derrotas consecutivas ante o mesmo jogador, em Tromso 2014 e na fase clássica desta prova.

Posições

1-2. A. Naiditsch, M. Carlsen 4½; 3-4. F. Caruana, M. Adams 4; 5-6. E. Bacrot, L. Aronian 3½; 7. V. Anand 2½; 8. D. Baramidze 1½

Desempate

Carlsen         1 0 ½ ½ 1

Naiditsch  0 1 ½ ½ 0

(Carlsen 3 : 2 Naiditsch).

Naiditsch o fez de novo

A grande surpresa da terceira rodada do torneio Grenke, celebrado na cidade alemã de Baden Baden, foi a vitória de Arkady Naiditsch sobre Magnus Carlsen. O grande mestre alemão obtém assim a sua segunda vitória consecutiva sobre o campeão mundial -a primeira foi na olimpíada de Tromso-. Tem Naiditsch a chave para derrotar Carlsen?

Naiditsch é agora líder da prova, após três rodadas, junto com o italiano Fabiano Caruana, que derrotou a Levon Aronian.

Naiditsch,A (2706) - Carlsen,M (2865) 

Baden Baden GER (3.3), 04.02.2015

1.e4 g6 2.d4 Bg7 3.Cc3 d6 4.Be3 a6 5.a4 Cf6 6.h3 0–0 7.g4 e5 8.d5 c6 9.Cge2 cxd5 10.exd5 Bxg4 11.hxg4 Cxg4 

12.Dd2 Cd7 13.Ce4 f5 14.Bg5 Db6 15.Bh3 Cdf6 16.Cxf6+ Cxf6 17.Cc3 Dxb2 18.Tb1 Da3 19.Txb7 Tf7 20.Tb3 Dc5 21.De3 Dc7 22.Db6 e4 23.Dc6 Tc8 24.0–0 Dxc6 25.dxc6 Txc6 26.Tfb1 h6 27.Bxf6 Bxf6 28.Cxe4 Be5 29.Cd2 Txc2 30.Cf3 Ta2 31.Bg2 Bf6 32.Ch2 Rg7 33.Bd5 Te7 34.Tb4 Td2 35.Bc4 a5 36.Tb7 Td4 37.Txe7+ Bxe7 38.Bb5 h5 39.Cf3 Tf4 40.Rg2 h4 41.Td1 Tg4+ 42.Rf1 h3 43.Td3 Bf6 44.Ch2 Th4 45.Rg1 Bd4 46.Tf3 Rf6 47.Cf1 Be5 48.Ce3 Rg5 49.Rh1 Rf6 50.Cc4 g5 51.Cxa5 g4 52.Td3 f4 

53.Cc4 Th7 54.Cxe5 dxe5 55.a5 Tc7 56.Ta3 Tc1+ 57.Rh2 Tc2 58.a6 Txf2+ 59.Rh1 g3 60.a7 Td2 61.Ta1 1–0

Novo presidente na Fexerj

Elcio Mourão, Alberto Mascarenhas, Eduardo Arruda, Marcelo Einhorn e Reinaldo Veloso, na assembleia da Fexerj realizada o passado 1 de fevereiro

O xadrez do estado de Rio de Janeiro tem um novo líder desde o primeiro dia de fevereiro. O árbitro internacional Elcio Mourão foi consagrado presidente da federação de xadrez desse estado (Fexerj), sucedendo de forma democrática e como continuidade de um belo trabalho realizado ao mestre fide Alberto Mascarenhas.

A gestão de Mascarenhas teve grande mérito no xadrez fluminense, desde que devolveu Rio de Janeiro ao sitio que lhe era próprio no âmbito do xadrez nacional, fazendo-o protagonista novamente depois de anos de escuridão e falta de competências. Com ele ao mando, a federação voltou a receber provas de caráter oficial, enviar representantes a diversos torneios de categorias e unificar a grande família enxadrística do estado, antes dividida e desorientada. Desta forma se logrou com sucesso o objetivo, enunciado ao começo da gestão, relativo a recuperar a dignidade do enxadrista no estado.

Os números da federação, que anteriormente eram quase um segredo de estado, na gestão Mascarenhas passaram a ser por todos conhecidos mediante o simples fato de revisar no site da entidade os balancetes publicados de forma mensal. A transparência foi um dos eixos do trabalho feito, e ficou evidenciada também na publicação de todas e cada uma das decisões que foram tomadas pela diretiva da Fexerj nestes anos.

Deixa Mascarenhas um saldo positivo na sua passagem ao frente do xadrez fluminense, com o aspecto esportivo recuperado, o xadrez de base encaminhado –partindo de zero, o trabalho realizado foi grande mas ainda resta muito por fazer, sendo um dos objetivos futuros da federação-, a economia da instituição saneada e o prestígio em alça dentro de todas e cada uma das estruturas supra nacionais (CBX, entidades federais, prefeituras e governo estadual, etc.). Há que parabenizar por isso ao até poucos dias antes presidente da Fexerj e sua equipe de trabalho, e fazer votos para que essa onda de sucessos continue na gestão que começa Mourão. 

Leitão campeão por sétima vez

O grande mestre Rafael Leitão foi o grande campeão na 81ª edição do Campeonato Brasileiro de Xadrez realizada nas instalações do hotel Cabo Frio Atlântico, em João Pessoa, Paraíba, entre os dias 17 e 25 de janeiro.

A prova, organizada pela Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) teve doze participantes se enfrentando pelo sistema americano, e Leitão foi o único que não conheceu a derrota, obtendo 9½ pontos –contabilizando oito vitórias e três empates-. A vitória do maranhense foi justa e mais cômoda que a diferencia com seus perseguidores pode indicar, desde que após tirar diferencias nas primeiras rodadas utilizou as últimas para administrar a vantagem e fechar o torneio com dois empates.

Completaram o pódio os grandes mestres Felipe El Debs (9 pontos) e Krikor Mekhitarian (7½ pontos). O mestre fide Mateus Nakajo, com 7 pontos, finalizou na quarta colocação e obteve sua segunda norma de mestre internacional. A revelação da prova, entretanto, foi o mestre fide Edgar Rodrigues, que com 6 pontos se posicionou na quinta colocação no seu debute em finais dos campeonatos nacionais.

Um dos acontecimentos marcantes desta edição foi a transmissão ao vivo das partidas com comentários do grande mestre Darcy Lima e de Juliana Rizo, iniciativa realizada pela primeira vez na história dos campeonatos nacionais e que teve a repercussão e destaque merecidos. A dupla de comentaristas explicou online e em direto as características das seis partidas que cada rodada apresentava de forma didática e precisa, com imagens dos participantes e as posições e ao finalizar as partidas, opiniões e analises dos protagonistas. Um verdadeiro luxo e o início de uma nova etapa de crescimento para o xadrez brasileiro.

Pela primeira vez na história dos torneios nacionais, a equipe de arbitragem, comandada pelo AF Máximo Igor Macedo, foi integrada totalmente por nordestinos, e o resultado foi bom: o time teve um desempenho acorde à importância da prova.

O torneio em se foi muito disputado, com escassos empates em poucos lances e luta até o último minuto: vale dizer, por exemplo, que a última partida em finalizar foi a Fiaes – Umetsubo, de dramático desenvolvimento. O primeiro, que ainda não tinha somado pontos na prova, obteve uma posição auspiciosa, e no apuro de tempo mútuo teve chances claras de empate, mas as perdeu e finalmente foi derrotado. Na mesma rodada, pouco antes tinha finalizado a partida  entre Leitão e Mekhitarian, que apesar de ter sido jogada quando o primeiro já era campeão –e muitos apostavam que acabaria em empate de amigos- foi muito lutada e o resultado –empate finalmente-, fruto dos acontecimentos no tabuleiro.

Há dois aspectos fundamentais na vitória de Leitão: a sua efetividade conduzindo as peças pretas –cinco vitórias e um empate- e o tratamento sem piedade que aplicou, com as peças brancas, à tradicionalmente sólida Eslava, com três vitórias sobre Mateus Nakajo Mendonça, a decisiva na rodada 7 sobre El Debs e a obtida na rodada 9 sobre o mestre fide Roberto Andrade.